terça-feira, 24 de agosto de 2010

A origem dos símbolos universais dos computadores

Não importa de qual marca seja o seu computador ou em qual país você esteja. Basta bater o olho em certos símbolos para saber imediatamente para o que servem. Assim são os símbolos universais, elementos gráficos que mesmo com leves mudanças no design ainda assim são inconfundíveis.

Mas você pode estar se perguntando: como nasce um símbolo universal? Qual é o significado de cada um deles? O Baixaki foi pesquisar a origem de alguns dos símbolos mais populares, como o Power, o Play e o Arroba. A explicação muitas vezes é tão interessante quanto a simplicidade e eficiência do símbolo em questão.



Arroba

Se você tem mais de 25 anos e se lembra do período antes da popularização da internet vai recordar que o símbolo arroba (@) era uma referência apenas no que diz respeito a uma unidade de medida para pesar animais, como bois e ovelhas.
Porém, foi a partir do momento em que a arroba foi incluída nos endereços de email que ela se tornou popular e um elemento inconfundível. Se a sua origem histórica é incerta, a sua utilização no mundo da informática ocorreu pela primeira vez em 1971. Foi nesse ano que o programador Raymond Tomlinson teve a ideia de utilizar o símbolo para separar o nome de usuário do nome do terminal de computador. A diferenciação não só funcionou, como se tornou esteticamente agradável, sendo adotada como padrão anos mais tarde. Quase cem anos antes o símbolo arroba também era utilizado como um símbolo de taquigrafia. Em termos contábeis o símbolo tinha o mesmo significado da expressão “à taxa de”. Apesar de ser visualmente idêntico em todos os países, seu nome varia em muitos lugares. Na França e na Itália, o símbolo é conhecido como “caracol”; na China por “ratinho”; e na Alemanha é “cauda de macaco”.



Bluetooth

Basta olhar para o símbolo do Bluetooth para chegar à conclusão óbvia do que ele representa. Suas formas lembram a de uma letra “B” estilizada, letra inicial da palavra que representa. Mas por qual razão a tecnologia Bluetooth - que numa tradução direta significa dente azul - tem esse nome? Para entender o significado precisamos voltar alguns séculos na história. No século X havia um rei na Dinamarca chamado Harald Blatand. Ele era um profundo conhecedor de mirtilos, uma fruta similar à uva, popular apenas em regiões muito frias e que tem uma cor azulada. Segundo a história de tanto consumir o fruto um dos seus dentes ficou manchado de azul permanentemente. O símbolo do Bluetooth, que parece com uma letra “B” é, na verdade, o mesmo ícone que Harald usava, com duas runas representando as suas iniciais. Mas o que isso tem haver com a tecnologia? O primeiro receptor de Bluetooth tinha o formato de um dente e era azul. O reinado de Harald Blatand uniu diversos povos nas regiões da Noruega, Suécia e Dinamarca. Assim como o Bluetooth, que foi projetado para aproximar pessoas e facilitar o compartilhamento de informações.



Command

A tecla Command pode até não ser familiar para muitos usuários. Mas se você cresceu com um produto da Apple em sua mesa de trabalho está mais do que familiarizado com ela. Afinal, o que aquilo símbolo significa?
A história por trás dela é mais simples e inusitada do que parece. Quando estava sendo desenvolvida, a ideia original é que a tecla Command fosse representada por uma maçã. Steve Jobs ao ver aquilo protestou. Afinal, já havia muitas maças espalhadas pela tela.
Assim o artista Susan Kare foi em busca de outro símbolo condizente com a função e acabou encontrando uma espécie de floral. O símbolo foi achado na Suécia e indicava a atração de um acampamento. Também conhecido como loop Gorgon, o símbolo se assemelha a uma espécie de loop infinito.

O conceito acabou casando com a proposta da tecla Command, a de servir como um atalho que combinado com outras teclas, poderia apresentar novas funções, como se tornasse o teclado com “infinitas possibilidades”. A tecla é usada até hoje nos computadores da empresa.



Pause

Dois traços contínuos colocados lado a lado na vertical. O símbolo de pausa está presente desde computadores a aparelhos de som e, mesmo não indicando textualmente qual é a sua proposta, visualmente no contexto das demais teclas é fácil entender ao que ele se destina. Sua origem e representação são incertas, mas há várias teorias para o seu significado, todas cabíveis e possíveis de serem verdadeiras. Na notação musical, por exemplo, os dois traços indicam um momento de pausa em uma canção. Já para quem prefere uma explicação matemática, os dois traços indicam também a abertura e a junção de uma conexão elétrica. Outra versão sugere que esta é apenas uma conotação intermediária entre os símbolos de “play”, “forward” e “rewind”.




Play

Assim como o símbolo de pausa, não há uma explicação correta para o real significado do “play”. Um triângulo apontando para a direita pode parecer óbvio como sinônimo de avançar, em especial para o público ocidental, que tem o hábito de leitura da esquerda para a direita. A única coisa que se pode afirmar é quando eles surgiram e a que se destinavam. Os primeiros decks de rolo de fitas de vídeo adotaram os símbolos de “play”, “pause”, “rewind” e “forward” para indicar ao operador qual tecla apertar para cada um dos procedimentos. Pelo jeito a simplicidade atravessou gerações já que mesmo nos produtos mais modernos ainda não houve uma maneira diferente mais eficiente e intuitiva de identificar essas funções.



Power

Depois que você ler a explicação do símbolo de “power” a primeira reação que você terá é: “é tão óbvio, como é que não pensei nisso antes?”. Existem centenas de variações do mesmo símbolo, mas ele é basicamente constituído de um círculo e um traço. Eles representam os números zero e um que, no sistema binário, significam simplesmente ligado (um) e desligado (zero). O símbolo padrão foi estabelecido em 1973 pela International Electrotechnical Comission e tinha como descrição “energia em estado de espera”. Posteriormente o Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos definiu o símbolo simplesmente como “Power” - ou força. A notação é utilizada até hoje e apresenta algumas variações, como o círculo cortado ou contínuo, e o traço dentro ou fora do espaço.




USB

O que Netuno, o deus romano dos mares, tem haver com o símbolo das conexões USB? Criado como parte das especificações da primeira versão do produto, o símbolo do USB foi desenhado para se parecer com o tridente de Netuno. O artefato tinha como objetivo atingir o inimigo em pontos vitais com a lâmina central e com as laterais, enfraquecer o poder de penetração. Isso garantia que a arma fosse muito menos letal e mais paralisante do que qualquer outra coisa. Os desenhistas do símbolo do USB não queriam matar ninguém sua criação. Na versão deles as lanças foram substituídas por um quadrado, um triângulo e um círculo. O simbolismo é que um único cabo pode conectar três extremidades distintas. No caso da tecnologia, o melhor simbolismo é que o padrão pode ser associado aos mais diversos tipos de periféricos, que foi o que realmente acabou acontecendo. Hoje existem dezenas de dispositivos diferentes que podem ser conectados ao PC via USB.



Firewire

Um ponto central recebendo e emitindo sinais para três fontes distintas. Essa é uma explicação rápida para o símbolo de Ethernet, também popularizado e de fácil identificação para os usuários mais experientes. Pois saiba que ele é uma criação de um grupo de desenvolvedores da Apple e nasceu na década de 90, durante a criação desta tecnologia. A ideia era mostrar a possibilidade de alta conectividade com equipamentos de áudio, vídeo e transmissão de dados.
Cada um dos pontos representa um dos tipos de conexão. Quando foi concebido o símbolo era originalmente vermelho. Com o passar dos anos a cor foi alterada para amarelo.




Você conhecia a origem desses símbolos? De quais outros símbolos você gostaria de conhecer a origem? Participe deixando o seu comentário no espaço abaixo.

terça-feira, 22 de junho de 2010

DBDesigner 4


O DBDesigner é um software para criar bases de dados, que integra o desenho, modelação, criação e manutenção num único programa.
Este programa é útil para em vez de através de código criarmos uma base de dados, podemos visualmente criar tabelas, definir tipos de dados e relações entre tabelas. A partir do resultado final do desenho de uma base de dados temos acesso ao código MySQL que podemos utilizar para a nossa base de dados. Existe suporte a vários tipos de base de dados, tais como MySQL, Oracle, MSSQL. O desenho da base de dados pode ser exportado como imagem para futuramente ser utilizado, por exemplo, num relatório.Para começar a trabalhar existe uma barra lateral com várias opções. Nessas opções estão tabelas e relações. Basta clicar no icon da tabela e arrastar para a nossa área de trabalho para começarmos a criar a nossa base de dados. Para tratar de adicionar campos de tipo de dados a uma tabela fazemos duplo clique sobre a mesma. Na minha opinião o DBDesigner é uma ferramenta bastante útil para criar e alterar bases de dados pois poupa bastante trabalho na elaboração e no final pode-se utilizar a imagem da base de dados para melhor perceber o funcionamento, ou mostrar a alguém para se fazer as alterações necessárias e só depois gerar o código para crias as tabelas. Um único senão está para maneira de trabalhar com este programa. Muitas vezes parece ser impossível adicionar ou alterar campos e tipos de dados nas tabelas. Isto requer um pouco de paciência pois o seleccionar é diferente dos programas a que estamos habituados.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

JavaCC

O programa JavaCC é um gerador de analisador sintático que produz código Java. Ele permite que uma determinada linguagem seja definida de maneira simples, por meio de uma notação semelhante à EBNF. Como saída produz o código-fonte de algumas classes Java que implementam os analisadores léxico e sintático para aquela linguagem. Provê também maneiras de incluir, junto à definição da linguagem, código Java para, por exemplo, construir-se a árvore de derivação do programa analisado. O JavaCC foi inicialmente desenvolvido pela Sun que depois de algum tempo passou seu desenvolvimento para a Metamata Inc. que, depois, foi incorporada pela Webgain Inc. Sua versão encontra-se num repositório da própria Sun. Para os interessados em conhecer melhor o JavaCC, sua página na Internet é https://javacc.dev.java.net/. Na página pode-se encontrar ainda um link para uma série de gramáticas prontas para utilização pelo JavaCC. São gramáticas, por exemplo, de Java, C, C++, SQL, HTML, e muitas outras. O JavaCC define uma linguagem própria para descrição, em um único arquivo, do analisador léxico e do analisado sintático. Iniciando com o analisador léxico, esta linguagem permite que cada token seja definido na forma de uma expressão regular que pode ser tão simples como



TOKEN : {

< CLASS: "class" >

}





ou mais complexos como



TOKEN : {

< string_constant: // constante string como "abcd bcda"

"\""( ~["\"","\n","\r"])* "\"" >

}





Em ambos os casos, os tokens definidos entre < > serão utilizados como constantes inteiras, acessíveis dentro do analisador léxico. Além de tokens, podem ser definidos no analisador léxico quais caracteres ou expressões devem ser ignorados e também os tokens especiais que são tokens que não são passados para o analisador sintático mas são armazenados e podem ser recuperados a partir de um token normal. As declarações para o analisador sintático correspondem às produções da gramática que se deseja implementar. O JavaCC utiliza a técnica descendente recursiva de análise. Nessa abordagem cada não terminal da gramática é implementado através de um método que, quando chamado, procura reconhecer na entrada a estrutura do não terminal. Seguindo a filosofia da análise descendente recursiva, as declarações dos não terminais são parecidas com a declaração de um método. A diferença é que o corpo do não terminal possui as produções descritas através de seqüências de tokens e estruturas de repetição, escolhas ou opcionais. Um exemplo simples retirado dos exemplos do próprio JavaCC é mostrado a seguir. Nele, além da produção propriamente dita, associou-se código Java que é executado quando ocorre o casamento da entrada com uma parte da produção.



void Input() : { int count; } {

count=MatchedBraces() { System.out.println("The levels

of nesting is " + count); }

}



int MatchedBraces() : { int nested_count=0; } {

[ nested_count=MatchedBraces() ] { return

++nested_count; }

}





O código associado às produções podem ser bem mais complexos. Pode-se armazenar o valor dos tokens reconhecidos e pode-se ter até mesmo blocos "try/catch", como em Java. Em geral, o código associado à produção é utilizado para construir-se a árvore sintática do programa analisado.  Existem também programas que, trabalhando junto com o Javacc, auxiliam na geração da árvore sintática e das classes para fazer as visitas aos nós dessa árvore. O próprio JavaCC possui o JJTree. Ele é um pré-processador para o arquivo da gramática (sem código associado às produções), que insere o código necessário para a criação da árvore sintática. O resultado é um arquivo que deve, então, ser processado pelo JavaCC. Através de certas anotações no arquivo original, processado pelo JJTree o programador pode de certo modo customizar a criação da árvore.  Resumindo, o JavaCC é uma ferramenta bastante poderosa, flexível e com um pouco de prática, fácil de utilizar. Além disso, seu extenso uso pela comunidade tem disponibilizado diversas facilidades extras como ferramentas e gramáticas que o tornam ainda mais atrativo.  A editora Novatec acabou de publicar o livro "Como Construir um Compilador Utilizando Ferramentas Java" de autoria do professor Márcio Delamaro, que mostra, com detalhes, todos os passos da utilização do JavaCC no desenvolvimento de um compilador. O livro tem, ainda, uma abordagem interessante para abordar a geração de código, mostrando como gerar código para a própria JVM (Máquina Virtual Java).

segunda-feira, 19 de abril de 2010

“JORNADA DO HOMEM”

De acordo com a hipótese de origem recente, ancestrais dos seres humanos se originaram na África, e finalmente fez a sua saída para o resto do mundo. Análise do cromossoma Y é um dos métodos utilizados na detecção da história de seres humanos primitivos. Treze marcadores genéticos no cromossoma Y diferenciam as populações de seres humanos. Acredita-se, com base nas evidências genéticas, que todos os seres humanos existentes hoje descendem de um único homem que viveu na África há cerca de 60.000 anos atrás. Os primeiros grupos de seres humanos são acreditados para encontrar o seu presente-descendentes entre os dias o povo San, um grupo que agora é encontrado no oeste da África Austral. Os San são menores do que o banto. Eles têm pele mais clara, mais firmemente cabelos cacheados, e eles compartilham os epicanthal vezes com as pessoas do leste da Ásia, como o chinês e japonês. África Austral e Oriental acredita-se que, inicialmente, ter sido habitado por pessoas próximas ao São Francisco. Desde aquela época muito precoce de sua escala foi retomado pelo banto. Restos mortais destes povos ancestrais são encontrados em sítios paleolíticos na Somália e Etiópia. Há também povos da África oriental que hoje falam línguas substancialmente diferentes partes que, não obstante as características arcaicas da língua San, seu repertório característico do clique e sons pop. Estas são as únicas línguas em todo o mundo que usam esses sons na fala. Como os seres humanos migraram para fora da África, todos eles realizados uma característica genética no cromossomo Y conhecida como M168. A primeira onda de migração para fora da África, ficou perto das margens dos oceanos, traçando uma banda ao longo das zonas costeiras do Oceano Índico, incluindo partes da Península Arábica, o Oriente Médio, o subcontinente indiano e no Sudeste Asiático, o que é baixo em Agora, Indonésia, e eventualmente chegar a Austrália. Este ramo da família humana, desenvolveu um novo marcador, M130. Esta primeira onda parece ter deixado pessoas de pele escura ao longo de seu caminho, incluindo grupos isolados de pessoas de pele escura no Sudeste da Ásia, como a população aborígene da Ilhas Andaman (cerca de 400 km ao largo da costa oeste da Tailândia), o semangs da Malásia, ea Aeta das Filipinas. A segunda onda de migração fez um curso mais ao norte, dividindo em algum lugar na área em torno do que é agora chamado Síria para varrer a noroeste para a área dos Balcãs e para o leste, onde se dividi várias vezes na Ásia Central, norte do Afeganistão. A corrente que fluiu no sul da Europa a leste da Itália é caracterizado por M174, e a corrente que fluiu até a Ásia Central realiza M9. Os outros nove marcadores foram adicionados após os caminhos de migração prosseguiu em várias direcções diferentes da Ásia Central.  A diáspora Africana é acreditada para ter começado cerca de 50.000 anos atrás, tempo suficiente para que muitas mudanças ocorreram nos seres humanos remanescentes na África. As tendências genéticas relatou que envolvem seres humanos deixaram a África e sua história genética. A diversidade encontrada fora da África pode ter sido acentuada desde populações migrando para novas áreas de caça raramente tiveram pessoas que se deslocam para trás em regiões previamente estabelecidas. Mas na África, o isolamento geográfico teria sido ajudado principalmente pelo Deserto do Sarah, deixando as pessoas em áreas não separados pelo deserto para viajar e migrar de forma relativamente livre.

executado por: Elias Queiros
postado por: Hélder Silva

Geronimo

Gerónimo nasceu em 16 de Junho de 1829 e morreu em 17 de Fevereiro de 1909, foi um importante líder indígena da América do Norte, comandando os Apaches Chiricahua, que durante muitos anos teve conflitos contra os E.U.A (os caras pálidas). Era guerreiro de Cochise que depois se opôs a ele no momento dos acordos com os EUA.Tornou-se o mais famoso dos chamados "índios renegados". Resistiu heroicamente, mas se rendeu ao ter uma visão de um comboioa passar nas suas terras. Foi preso e passou 22 anos prisioneiros, até a data de sua morte. Goyaałé (Gerónimo) nasceu em Bedonkohe, próximo a Turkey Creek, actual Novo México (EUA), mas na época parte do México. O pai do era chamado de Tablishim, E a mãe era Juana. Ele foi educado de acordo com a tradição Apache. Casou com uma mulher Chiricauhua e teve três filhos. Em 5 de Março de 1851, uma companhia de 400 soldados de Sonora, liderados pelo Coronel José Maria Carrasco atacou o seu acampamento. No ataque foram mortos a mulher, os filhos e a mãe. O chefe da tribo, Mangas Coloradas, juntou-se à tribo de Cochise, que estava em guerra contra os mexicanos. Durante 1858 a 1886, o mesmo atacou tropas dos E.U.A, e escapou de diversas capturas. No final da guerra, seu grupo contava com apenas 38 homens, mulheres e crianças. Seu bando tinha sido uma das maiores forças de índios renegados, ou seja, aqueles que recusaram os acordos com o Governo Americano. Rendeu-se em 4 de Setembro de 1886 às tropas do General Nelson A. Miles, em Skeleton Canyon, no Arizona. Ele e outros guerreiros foram prisioneiros em Fort Pickens, Florida, e suas famílias enviadas para o Fort Marion. Reuniram-se em 1887, quando foram transferidos para Mount Vernon Barracks, Alabama. Em 1894, mudaram para Fort Sill, Oklahoma. No fim da vida, Gerónimo havia se tornado uma celebridade, aparecendo em eventos populares tais como a Feira Mundial de 1904 em St. Louis, vendendo souvenirs e fotografias dele mesmo. Em 1905 Gerónimo contou sua história a S. M. Barrett, Superior da Educação de Lawton, Oklahoma. Barrett apelou ao Presidente Roosevelt para publicar o livro sem sucesso. Gerónimo nunca retornou à terra onde nasceu; morreu de pneumonia em Fort Sill, em 1909, e foi enterrado como prisioneiro de guerra.

executado por: Elias Queiros
postado por: Hélder Silva

O REGRESSO DE BOLÍVAR



Bolívar morreu há 172 anos. Não foi possível apagar-lhe da historia o nome. Mas pouco sabem os contemporâneos da sua vida e obra. Daí a surpresa provocada na Europa pela reivindicação do projecto bolivariano pelo venezuelano Hugo Chaves.É um facto que revolucionários como José Marti e Fidel Castro proclamaram sempre a sua identificação com o ideário do Libertador. Para ambos foi ele o grande pioneiro do combate pela unidade dos povos da América Latina . Mas só muito recentemente o pensamento político de Bolívar principiou no continente a ser novamente tema de debate entre as novas gerações Esse prolongado esquecimento do Bolívar pensador e estadista tem uma explicação simples. Bolívar foi um reformador social revolucionário e um antimperialista consequente, o que incomodava na Colômbia e em toda a América as forças retrógradas que ele, sobretudo nos últimos anos, combateu com coerência e tenacidade. É esclarecedor que nenhum governo colombiano tenha tomado até hoje a iniciativa de promover a edição e divulgação da obra (completa) do herói máximo das lutas pela independência na América latina. Liberais e conservadores, ao longo de mais de século e meio, entenderam-se tacitamente em torno de um objectivo comum: incutir no povo a ideia da existência de dois Bolívares. Um, o militar, merecedor do respeito e da gratidão de todos os americanos; o outro, o político, um governante incapaz, incompatível com a democracia, com vocação de tirano. Glorificam o primeiro; satanizam o segundo. Para a oligarquia da Grande Colômbia (que englobava a Venezuela, o Equador e o Panamá, alem da antiga Nova Granada) Bolívar deveria ter ido para casa quando o ultimo exército espanhol capitulou nos Andes peruanos. Segundo a historiografia oficial o herói esgotou a sua missão após Ayacucho. Teria morrido para a história. Depois, na visão da oligarquia, nasceu um vilão. Esse retrato, pintado com as cores do ódio, é fantasista e perverso. A tese dos dois Bolivares não tem pés nem cabeça. Foi forjada para denegrir o reformador social que de 1826 a 1829 se tornou o pesadelo da oligarquia: o libertador dos escravos e dos índios, o defensor dos direitos do povo como sujeito da historia, o pedagogo, o internacionalista, o líder da unidade continental contra a prepotência imperialista. Todos os detractores de Bolivar — antigos e actuais — coincidem em condená-lo por haver assumido a ditadura em 1828. É suficiente ler os textos da época para se perceber o conceito de democracia dos legisladores que então invectivaram e combateram Bolívar. Chamaram-lhe «caudilho dos descamisados», «líder dos debaixo», «chefe da negrada e indiada». O general Santander, ex-vice-presidente de Bolívar, que se tornou o seu mais implacável adversário, deixou cair a máscara ao acusar o Libertador de desencadear «uma guerra interior na qual ganhem os que nada têm, que sempre são muitos, e que percamos nós, os que temos, que somos poucos». Essas palavras acabam por funcionar como um boomerang , servindo para justificar a decisão e a política de Bolívar. Ao regressar a cavalo do Perú a Bogotá, pelos vales e mesetas da cordilheira, Bolivar sofre com o espectáculo da miséria dos povos que havia libertado. Percebe que após anos de uma luta heróica pela independência esses povos viviam ainda pior do que na época da opressão espanhola. Ao transmitir a Santander as reivindicações das populações escrevem: «não sei como não se levantaram ainda todos estes povos e soldados ao concluírem que os seus males não vêm da guerra mas de leis absurdas». (1)• Os cinco anos de ausência do Libertador, absorvido no Sul pela guerra contra os espanhóis, foram aproveitados pela nova classe dominante para modelar as estruturas de um Estado cujas instituições haviam sido concebidas para perpetuar e aprofundar a desigualdade social em vez de a reduzir. Os crioulos ricos e grande parte dos generais, toda uma casta de descendentes dos antigos terratenientes e encomenderos peninsulares, exploradores dos índios e comerciantes mobilizaram esforços para defender e ampliar privilégios e acrescentar àquilo que já tinham o poder político que antes era exercido pelos representantes da Coroa. Claro que ao longo da guerra houve clivagens entre essa gente. Mas quando as armas silenciaram, a máscara dos republicanos e monárquicos caiu em pedaços. Convergiram num objectivo: colocar o poder do Estado ao serviço dos seus interesses pessoais. Os legisladores usavam uma fraseologia inspirada em grandes textos da Revolução Francesa e da Revolução Americana. Mas usaram grandes palavras para criar uma «republica aérea», como dizia Bolivar, porque queriam um Estado amorfo e passivo que lhes permitisse ampliar os seus privilégios senhoriais. Não concebiam a Constituição como algo criado para servir o corpo social; era este que deveria funcionar como emanação da lei magna. Bolivar, como Kant, achava que a política deve «dobrar os joelhos perante a moral». E na Colômbia os legisladores pretendiam o contrário. Pensavam e agiam como se a «vontade do povo fosse a opinião deles». Noutras cartas a Santander, Bolívar escreveu: «Tenho mil vezes mais fé no povo do que nos deputados (...) Jamais um Congresso salvou uma republica» (...) Não conheço outra opção saudável que não seja a de devolver ao povo a sua soberania primitiva, para que refaça o pacto social». Para agravar a situação o Estado oligárquico havia criado uma administração corrompida e corruptora que Bolivar comparou a sanguessugas que se alimentam com o sangue humano. O pacote de medidas que se seguiram ao Decreto Orgânico de Agosto de 1828 foi apresentado nos EUA e nas monarquias europeias como espelho da política autocrática de um caudilho tirânico. A imprensa norte-americana intensificou a campanha contra o Libertador, pintando-o como um ditador vingativo e sanguinário. A correspondência trocada então entre o Departamento de Estado e o representante dos EUA em Santa Fé de Bogotá lembra pelo reacionarismo e o cinismo a dos modernos embaixadores norte-americanos na Venezuela ou Cuba no seu diálogo com a sra. Albright. O que inquietava os governos da Santa Aliança e o nascente imperialismo americano era o conteúdo profundamente democrático e revolucionário das medidas de Bolívar. Elas golpeavam duramente os interesses da oligarquia. Bolívar utilizou os poderes extraordinários do mandato que assumiu para virar o Estado do avesso. Este deixou de ser o instrumento de defesa e reforço dos privilégios da classe senhorial para ser colocado a serviço dos direitos, liberdades e exigências sociais do povo. O saneamento da justiça e a punição dos funcionários corruptos foi uma preocupação prioritária. Bolivar começou por reduzir para metade os altos vencimentos dos membros do Congresso e aboliu todos os privilégios que o Estado concedia à Igreja Católica. A lei que obrigava os índios a prestar serviço militar obrigatório num regime de semi-escravidão foi revogada. De todas as suas medidas revolucionarias a que mais indignou os grandes latifundiários foi aquela que ordenou a devolução aos índios, como seus «legítimos proprietários», das terras de que os seus antepassados haviam sido expulsos pela coroa espanhola, independentemente dos títulos de posse apresentados pelos actuais senhores. Leis promulgadas para o efeito incentivaram a indústria e o comércio e a elevação das taxas aduaneiras protegeu a produção nacional da livre concorrência com as mercadorias importadas. O monopólio da navegação no rio Magdalena (a grande artéria fluvial do pais) concedido por Santander a um empresário dos EUA foi revogado. A milenária indústria textil dos índios equatorianos foi protegida de forma a poder vestir, se necessário, «toda a América do Sul». As minas particulares foram nacionalizadas e o Estado concentrou nas suas mãos o monopólio de todas as riquezas do subsolo. Decretos especiais visaram a protecção da natureza, nomeadamente as florestas e as águas dos grandes rios. Na área da Educação as faculdades de Medicina de Bogotá, Caracas e Quito foram incumbidas de zelar, em cooperação com as autoridades do Estado, pela preservação das plantas medicinais úteis. Bolivar chegara à conclusão de que o primeiro dever de um governo consistia em proporcionar ao povo uma boa Educaçao, gratuita. O seu mestre e amigo Simon Rodriguez recebeu autoridade e meios para reformar os estabelecimentos escolares existentes e criar outros «nos melhores edifícios», para «todas as crianças de ambos os sexos que em cada departamento estejam em estado de instruir-se em ciências e artes» (gramática, literatura, historia, etc). O Governo decidiu adoptar os muitos milhares de crianças que haviam ficado órfãs em consequência da guerra. A Constituição de Cucuta (redigida e imposta pela oligarquia tomando como modelo a norte-americana e as ideias de Jefferson) estabelecia que um cidadão para ser eleitor e elegível tinha de ser proprietário ou possuir um determinado rendimento. O Libertador não aceitou essa discriminação que ampliava a desigualdade. Aboliu-a. Decretou que «Todos os cidadãos são iguais perante a lei e igualmente admissíveis para servir em todos os empregos civis, eclesiásticos e militares». Dispositivos legais como esse intensificaram as críticas ao «ditador» que promovia «o despotismo da maioria». Bolívar respondeu-lhes com estas palavras: «O povo é mais sábio que todos os sábios (...) A vontade nacional será o meu guia e nada poderá impedir que me consagre ao seu serviço e de conduzir este povo onde ele quiser». Seria infindável o rol da legislação bolivariana de caracter progressista promulgada durante os dois breves anos da ditadura que, segundo a direita colombiana, constituiu uma tresloucada agressão à democracia. Bolívar tinha pressa. Sabia que era curto o seu tempo de vida útil. Sentia a proximidade da morte na ruína de um corpo marcado pelos estigmas de uma vida que pela dureza lembra a dos heróis da mitologia grega. Gastara duas décadas da existência cavalgando e combatendo pelos llanos tropicais, por florestas e pantanais e pelas e altas punas andinas, transpondo com o seu exercito, cada vez mais internacionalista, píncaros de neves eternas que trespassavam o céu. Viveu o suficiente para assistir, angustiado e já moribundo, afastado do poder, ao desmoronar da sua obra, odiada pelos abutres da oligarquia. Mas as sementes dela não secaram. Não puderam o medo e a inveja dos inimigos destrui-las. Voltaram a germinar. Não é por acaso que o venezuelano Chaves submeteu ao seu povo uma Constituição boliviana e ela foi plebiscitada por uma esmagadora maioria. Não é por acaso que Fidel Castro desfralda desde a juventude as bandeiras de Bolívar. Marx era uma criança quando Bolívar se batia pela unidade da América hispânica e índia e antecipava que os Estados Unidos iriam, em nome da liberdade, semear misérias no corpo das jovens repúblicas. Lenine nasceu quatro décadas após a sua morte. Era outra no tempo do Libertador a linguagem política. Mas de alguma maneira, a ditadura revolucionária de Bolívar foi inspirada pelo mesmo espírito humanista e democrático, pelo mesmo amor do povo que levou a Revolução de Outubro de 17 a proclamar a ditadura do proletariado, hoje tão caluniada. Nunca esqueço que nos regimentos do exército boliviano que sob o comando de Sucre destruiu em Aycacucho o que restava no Continente do poder imperial da Espanha lutaram, ombro a ombro, colombianos, venezuelanos, equatorianos, peruanos, bolivianos, chilenos e argentinos. Era um exército internacionalista e revolucionário, como o Libertador.


PESQUISADO POR: HUGO PEREIRA

POSTADO POR: HÉLDER SILVA

quarta-feira, 24 de março de 2010

Projeto Manhattan

Projeto Manhattan
Paineis de controlo e operadores em Oak Ridge. Durante o Projecto Manhattan os operadores, maioria mulheres, trabalharam em turnos.
O Projeto Manhattan, ou formalmente
Distrito de Engenharia de Manhattan, foi um esforço durante a Segunda Guerra
Mundial para desenvolver as primeiras armas nucleares pelos Estados Unidos da
América com o apoio do Reino Unido e do  Canadá. O projeto foi dirigido pelo General Leslie R. Groves e a sua pesquisa foi dirigida pelo fisico estadounidense J. Robert
Oppenheimer, após ter ficado claro que uma arma de fissão nuclear era possível e que a
Alemanha Nazista estava também a investigar tais armas para si.
Embora tenha envolvido pesquisa e produção em treze locais diferentes, o Projecto Manhattan foi largamente desenvolvido em três cidades científicas secretas que foram estabelecidas por poder de domínio eminente: Hanford, em Washington, Los Alamos, no Novo México e Oak Ridge, no Tennessee. A algumas famílias em Tennessee foram dados avisos de duas semanas para evacuarem as quintas e terras que possuíam há gerações. O laboratório de Los Alamos foi construído em terrenos que eram da Escola Rancho de Los Alamos, um colégio interno privado para rapazes. O sítio de Hanford, que cresceu para quase 1000 milhas quadradas (2600 km²), incorporava terras de algumas quintas e de duas pequenas aldeias, Hanford e White Bluff
O projecto trabalhava na concepção, produção e detonação de três bombas nucleares em 1945.
• A primeira em 16 de Julho: "Trinity", a primeira bomba nuclear do mundo, perto de Alamogordo, Novo México.

• A segunda, a arma "Little Boy" ("Pequeno Rapaz"), que detonou em 6 de Agosto sobre a cidade de Hiroshima, Japão.
• A terceira, a arma "Fat Man" ("Homem Gordo"), que detonou a 9 de Agosto sobre a cidade de Nagasaki, Japão. Os três principais sítios existem hoje como o Sítio Hanford, Laboratório Nacional Los Alamos e Laboratório Nacional Oak Ridge. Em 1945, o projecto empregava cerca de 130.000 pessoas e o seu pico de custo perfazia um total de cerca de US$ 2 bilhões ($21 bilhões em 1996 [1]) Os bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki mataram centenas de milhares de pessoas imediatamente, e muitos mais após alguns anos.

O Distrito de Engenharia de Manhattan



No Verão de 1942, Leslie Groves era deputado do chefe de construção para o Corpo de Engenheiros do Exército e tinha supervisionado a construção do Pentágono, o maior edifício de escritórios do mundo. Almejando um comando além-mar, Groves opôs objecções quando Somervell o incumbiu de liderar o projecto de armamento. As suas objecções foram rejeitadas e Groves demitiu-se da responsabilidade de liderar um projecto que julgava ter poucas


hipóteses de sucesso.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A primeira coisa que Groves fez foi rebaptizar o projecto como O Distrito Manhattan (The Manhattan District).

O nome evoluiu do costume do Corpo de Engenharia de renomear os distritos com o nome da cidade principal (o quartel-general de Marshall na cidade de Nova Iorque). Ao mesmo tempo, Groves era promovido a Brigadeiro General, o que lhe conferiu a graduação julgada necessária para lidar com os cientistas veteranos do projecto. Cerca de uma semana após a sua nomeação, Groves tinha resolvido os problemas mais urgentes do Projecto Manhattan. A sua maneira de ser rigorosa e eficaz tornar-se-ia em breve familiar para os cientistas atómicos.
O primeiro grande obstáculo científico ao projecto foi resolvido em 21 de Dezembro de 1942, sob as bancadas de Stagg Field na Universidade de Chicago. Imediatamente, uma equipa liderada por Enrico Fermi iniciou a primeira reacção nuclear em cadeia auto-sustentada. Uma chamada telefónica encriptada de Compton, dizendo "O navegador italiano (referindo-se a Fermi) aterrou no novo mundo", para Conant em Washington, DC, trouxe a notícia de que a experiência tinha sido um sucesso.

Ver também



Carta Einstein-Szilárd

Referências externas

• Museu Nacional Atómico
O Projecto Manhattan [2] (inglês)

• Testemunhos do teste Trinity [3] (inglês)

• comunidado do presidente Truman a anunciar o bombardeamento de Hiroshima [4] 6 de Agosto, 1945.

• Desenvolvimento da Bomba Atómica [5] (inglês)
 
Bibliografia



• Badash, Lawrence, Joseph O. Hirschfelder, Herbert P. Broida, (eds) Reminiscences of Los Alamos, 1943-1945, Dordrecht, Boston: D. Reidel, 1980, ISBN 902771097X, LoC QC791.96.R44


• Bethe, Hans A. The Road from Los Alamos, NY: Simon and Schuster, 1991, ISBN 0671740121


• Groueff, Stephane, Manhattan Project: The Untold Story of the Making of the Atomic Bomb, (Boston: Little, Brown & Co, 1967) A história definitiva acerca do trabalho técnico do Projecto, incluindo muitos dos pouco conhecidos feitos técnicos.


• Jungk, Robert, Brighter Than a Thousand Suns: A Personal History of the Atomic Scientists, (NY: Harcourt, Brace, 1956, 1958)


• Groves, Leslie, Now it Can be Told: The Story of the Manhattan Project (New York: Harper, 1962) A história administrativa do Projecto, pelo seu líder.


• Herken, Gregg, Brotherhood of the Bomb : The Tangled Lives and Loyalties of Robert Oppenheimer, Ernest Lawrence, and Edward Teller (New York: Henry Holt and Co., 2002). ISBN 0805065881


• Hoddeson, Lillian, Paul W. Henriksen, Roger A. Meade, and Catherine L. Westfall, Critical Assembly: A Technical History of Los Alamos Druring the Oppenheimer Years, 1943-1945, Cambridge, 1993


• Rhodes, Richard, The Making of the Atomic Bomb (New York: Simon & Schuster, 1986) ISBN 0671441337 Uma excelente história contemporânea geral do Projecto.


• Serber, Robert, The Los Alamos Primer: The First Lectures on How to Build an Atomic Bomb (University of California Press, 1992) ISBN 0520075765 Original de 1943, "LA-1", desclassificado em 1965. adequado para estudantes universitários de Física.


• Serber, Robert, Peace and War: Reminiscences of a Life on the Frontiers of Science, (NY: Columbia Un. Press, 1998), ISBN 0231105460, LoC QC16.S46A3 1998


• Sherwin, Martin J., A World Destroyed: The Atomic Bomb and the Grand Alliance (New York: Alfred A. Knopf, 1975). ISBN 0394497945


• Smyth, Henry DeWolf, Atomic Energy for Military Purposes; the Official Report on the Development of the Atomic Bomb under the Auspices of the United States Government, 1940-1945 (Princeton: Princeton University Press, 1945). (Smyth Report)


Ver também


• Bomba atómica


• Energia nuclear


• Segunda Guerra Mundial


Referências


[1] http:/ / www. brookings. edu/ FP/ PROJECTS/ NUCWCOST/ MANHATTN. HTM


[2] http:/ / www. atomicmuseum. com/ tour/ manhattanproject. cfm


[3] http:/ / www. pbs. org/ wgbh/ amex/ truman/ psources/ ps_memorandum. html


[4] http:/ / www. pbs. org/ wgbh/ amex/ truman/ psources/ ps_pressrelease. html


[5] http:/ / www. 3rd1000. com/ nuclear/ cruc18. htm
 
Fontes e editores do artigo



Projeto Manhattan Source: http://pt.wikipedia.org/w/index.php?oldid=18261274 Contributors: Bonás, Choeng, Darwinius, Get It, Jacksonlopes, Maurício I, Mschlindwein, Nomad, Pietro


Roveri, RSan, SePhIrOtY, Shgs, W.SE, Will na veia, 15 edições anónimas


Fontes, licenças e editores da imagem


Ficheiro:Calutrons at Oak Ridge.jpg Source: http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ficheiro:Calutrons_at_Oak_Ridge.jpg License: Public Domain Contributors: Ed Westcott / US Army /


Manhattan Engineering District


Ficheiro:Manhattan Project US Map.png Source: http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ficheiro:Manhattan_Project_US_Map.png License: Public Domain Contributors: User:Fastfission


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Trabalho executado por José Pires
Publicado por Hélder Silva

terça-feira, 23 de março de 2010

significativa entre a proposta literária

Há uma relação significativa entre a proposta literária de José Saramago e a sua vida familiar. O autor de Jangada de Pedra  demonstra, em toda a sua obra, ser um homem saudosista e de muita sensibilidade. Saramago prima por escrever sobre as pessoas que ama e que, de algum modo, participaram significativamente de sua vida. Sua família parece estar sempre num altíssimo patamar desta categoria. Quando o mestre explica por que escrevera sobre seus pais e seus avós, diz: "Tive a consciência de que estava a transformar as pessoas comuns que eles haviam sido em personagens literárias e que essa era, provavelmente, a maneira de não os esquecer". O autor de Todos os Nomes deixa claro que escrever sobre as pessoas que o geraram é uma maneira de registar uma fase importante de sua vida, assim como de demonstrar seu carinho e gratidão e também de eternizá-las no tempo. Sua maneira de criar personagens é interessante e intensamente viva. No discurso "De Como a Personagem foi Mestre e o Autor seu Aprendiz", ele concebe que sempre aprende muito com suas personagens, e que tudo que elas o ensinam o faz um mero aprendiz de suas criaturas. Ao transformar seus pais e seus avós em personagens literárias, ele os resgata e traz de volta ensinamentos que fizeram dele a pessoa que é hoje. Por isso, afirma ser o criador dessas personagens e, ao mesmo tempo, criatura delas. Verdade é que todas as personagens citadas em seu discurso o proporcionaram muitas lições de vida. O Sr. Jerónimo (seu avô), por exemplo, ensina ao neto, o pequeno José, que o mundo, apesar de cruel, não é de todo mau. Há uma grande satisfação em se viver, em se afortunar da natureza, da simplicidade, do amor aos entes queridos. Saramago, apesar da simplicidade e de todo o sofrimento que viveram, sentiam pena de morrer, pena de deixar para sempre este mundo (aos seus olhos) tão belo. Aprendeu também com o medíocre pintor de retratos, protagonista do Manual de Pintura & caligrafia, a quem designou H., um homem que o ensinou a honradez de reconhecer seus limites e de aceitar suas próprias raízes, o que efectivamente deu à Literatura de Saramago um carácter enraizado. Depois, com os homens e as mulheres do Alentejo (mesma região de seus avós), no livro Levantado do Chão, Saramago afirma ter aprendido com esta gente humilde e sofrida a ser paciente, a confiar e a entregar-se ao tempo, que nos constrói e nos destrói; que nos deixa no chão e nos levanta de novo deste mesmo chão. Em Que Farei com Este Livro? Ele admira a coragem e a humildade de Camões em lutar por uma nação, escrever uma obra-prima e depois ser enjeitado por esta mesma nação que tanto ufanou heroicamente, morrendo anos mais tarde na mais completa miséria. Mas, ainda assim, depois de tantas decepções, Camões continuou a se preocupar com o futuro da Literatura nacional. Para Saramago, uma atitude digna de um verdadeiro mestre! Com as estranhas personagens de Memorial do Convento, Saramago reflecte, dentre outras coisas, a sua evolução no modo de pensar a questão do sonho. O sonho é o alimento da alma humana, é ele o combustível para se chegar a algum destino. "Sonhar é ser homem", como sabiamente diz o mestre Linhares Filho. O sonho do padre Bartolomeu Lourenço de terminar a construção da passarola e vê-la voar é o pão de sua própria alma. É a sustentação de sua vida. Já com Fernando Pessoa (uma de suas maiores influências), entendeu o que era o espectáculo do mundo e resolveu escrever O Ano da Morte de Ricardo Reis. O heterónimo Ricardo Reis o fez entender que viver é assistir a um constante espectáculo, seja ele uma tragédia, uma comédia ou um drama. A vida é o maior espectáculo humano. Na Jangada de Pedra, uma utopia: realizar o encontro cultural entre os povos peninsulares e os povos do outro lado do Atlântico, numa tentativa de reescrever a história. Em síntese, é muito importante ressaltar a originalidade da proposta literária do mestre Saramago. Todas as suas personagens, seja reconstruindo a realidade, seja levando a realidade para o absurdo, não são simplesmente criadas por ele; elas, através de seus ensinamentos, é que o levam a ser quem ele é.

(José Saramago) De como a Personagem Foi Mestre e o Autor Seu Aprendiz


O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever. Às quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia ainda vinha em terras de França, levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia. Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo. Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama. Debaixo das mantas grosseiras, o calor dos humanos livrava os animaizinhos do enregelamento e salvava-os de uma morte certa. Ainda que fossem gente de bom carácter, não era por primores de alma compassiva que os dois velhos assim procediam: o que os preocupava, sem sentimentalismos nem retóricas, era proteger o seu ganha-pão, com a naturalidade de quem, para manter a vida, não aprendeu a pensar mais do que o indispensável. Ajudei muitas vezes este meu avô Jerónimo nas suas andanças de pastor, cavei muitas vezes a terra do quintal anexo à casa e cortei lenha para o lume, muitas vezes, dando voltas e voltas à grande roda de ferro que accionava a bomba, fiz subir a água do poço comunitário e a transportei ao ombro, muitas vezes, às escondidas dos guardas das searas, fui com a minha avó, também pela madrugada, munidos de ancinho, panal e corda, a recolher nos restolhos a palha solta que depois haveria de servir para a cama do gado. E algumas vezes, em noites quentes de Verão, depois da ceia, meu avô me disse: "José, hoje vamos dormir os dois debaixo da figueira". Havia outras duas figueiras, mas aquela, certamente por ser a maior, por ser a mais antiga, por ser a de sempre, era, para toda as pessoas da casa, a figueira. Mais ou menos por antonomásia, palavra erudita que só muitos anos depois viria a conhecer e a saber o que significava... No meio da paz nocturna, entre os ramos altos da árvore, uma estrela aparecia-me, e depois, lentamente, escondia-se por trás de uma folha, e, olhando eu noutra direcção, tal como um rio correndo em silêncio pelo céu côncavo, surgia a claridade opalescente da Via Láctea, o Caminho de Santiago, como ainda lhe chamávamos na aldeia. Enquanto o sono não chegava, a noite povoava-se com as histórias e os casos que o meu avô ia contando: lendas, aparições, assombros, episódios singulares, mortes antigas, zaragatas de pau e pedra, palavras de antepassados, um incansável rumor de memórias que me mantinha desperto, ao mesmo tempo que suavemente me acalentava. Nunca pude saber se ele se calava quando se apercebia de que eu tinha adormecido, ou se continuava a falar para não deixar em meio a resposta à pergunta que invariavelmente lhe fazia nas pausas mais demoradas que ele calculadamente metia no relato: "E depois?". Talvez repetisse as histórias para si próprio, quer fosse para não as esquecer, quer fosse para as enriquecer com peripécias novas. Naquela idade minha e naquele tempo de nós todos, nem será preciso dizer que eu imaginava que o meu avô Jerónimo era senhor de toda a ciência do mundo. Quando, à primeira luz da manhã, o canto dos pássaros me despertava, ele já não estava ali, tinha saído para o campo com os seus animais, deixando-me a dormir. Então levantava-me, dobrava a manta e, descalço (na aldeia andei sempre descalço até aos 14 anos), ainda com palhas agarradas ao cabelo, passava da parte cultivada do quintal para a outra onde se encontravam as pocilgas, ao lado da casa. Minha avó, já a pé antes do meu avô, punha-me na frente uma grande tigela de café com pedaços de pão e perguntava-me se tinha dormido bem. Se eu lhe contava algum mau sonho nascido das histórias do avô, ela sempre me tranquilizava: "Não faças caso, em sonhos não há firmeza". Pensava então que a minha avó, embora fosse também uma mulher muito sábia, não alcançava as alturas do meu avô, esse que, deitado debaixo da figueira, tendo ao lado o neto José, era capaz de pôr o universo em movimento apenas com duas palavras. Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos. Outra coisa não poderia significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer". Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada. Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprias filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver. Muitos anos depois, escrevendo pela primeira vez sobre este meu avô Jerónimo e esta minha avó Josefa (faltou-me dizer que ela tinha sido, não dizer de quantos a conheceram quando rapariga, de uma formosura invulgar), tive consciência de que estava a transformar as pessoas comuns que eles haviam sido em personagens literárias e que essa era, provavelmente, a maneira de não os esquecer, desenhando e tornando a desenhar os seus rostos com o lápis sempre cambiante da recordação, colorindo e iluminando a monotonia de um quotidiano baço e sem horizontes, como quem vai recriando, por cima do instável mapa da memória, a irrealidade sobrenatural do país em que decidiu passar a viver. A mesma atitude de espírito que, depois de haver evocado a fascinante e enigmática figura de um certo bisavô berbere, me levaria a descrever mais ou menos nestes termos um velho retrato (hoje já com quase oitenta anos) onde os meus pais aparecem: "Estão os dois de pé, belos e jovens, de frente para o fotógrafo, mostrando no rosto uma expressão de solene gravidade que é talvez temor diante da câmara, no instante em que a objectiva vai fixar, de um e de outro, a imagem que nunca mais tornarão a ter, porque o dia seguinte será implacavelmente outro dia... Minha mãe apoia o cotovelo direito numa alta coluna e segura na mão esquerda, caída ao longo do corpo, uma flor. Meu pai passa o braço por trás das costas de minha mãe e a sua mão calosa aparece sobre o ombro dela como uma asa. Ambos pisam acanhados um tapete de ramagens. A tela que serve de fundo postiço ao retrato mostra umas difusas e incongruentes arquitecturas neoclássicas". E terminava: "Um dia tinha de chegar em que contaria estas coisas. Nada disto tem importância, a não ser para mim. Um avô berbere, vindo do Norte de África, um outro avô pastor de porcos, uma avó maravilhosamente bela, uns pais graves e formosos, uma flor num retrato - que outra genealogia pode importar-me? a que melhor árvore me encontraria?" Escrevi estas palavras há quase trinta anos, sem outra intenção que não fosse reconstituir e registar instantes da vida das pessoas que me geraram e que mais perto de mim estiveram, pensando que nada mais precisaria de explicar para que se soubesse de onde venho e de que materiais se fez a pessoa que comecei por ser e esta em que pouco a pouco me vim tornando. Afinal, estava enganado, a biologia não determina tudo, e, quanto à genética, muito misteriosos deverão ter sido os seus caminhos para terem dado uma volta tão larga... À minha árvore genealógica (perdoe-se-me a presunção de a designar assim, sendo tão minguada a substância da sua seiva) não faltavam apenas alguns daqueles ramos que o tempo e os sucessivos encontros da vida vão fazendo romper do tronco central, também lhe faltava quem ajudasse as suas raízes a penetrar até às camadas subterrâneas mais fundas, quem apurasse a consistência e o sabor dos seus frutos, quem ampliasse e robustecesse a sua copa para fazer dela abrigo de aves migrantes e amparo de ninhos. Ao pintar os meus pais e os meus avós com tintas de literatura, transformando-os, de simples pessoas de carne e osso que haviam sido, em personagens novamente e de outro modo construtoras da minha vida, estava, sem o perceber, a traçar o caminho por onde as personagens que viesse a inventar, as outras, as efectivamente literárias, iriam fabricar e trazer-me os materiais e as ferramentas que, finalmente, no bom e no menos bom, no bastante e no insuficiente, no ganho e no perdido, naquilo que é defeito mas também naquilo que é excesso, acabariam por fazer de mim a pessoa em que hoje me reconheço: criador dessas personagens, mas, ao mesmo tempo, criatura delas. Em certo sentido poder-se-á mesmo dizer que, letra a letra, palavra a palavra, página a página, livro a livro, tenho vindo, sucessivamente, a implantar no homem que fui as personagens que criei. Creio que, sem elas, não seria a pessoa que hoje sou, sem elas talvez a minha vida não tivesse logrado ser mais do que um esboço impreciso, uma promessa como tantas outras que de promessa não conseguiram passar, a existência de alguém que talvez pudesse ter sido e afinal não tinha chegado a ser. Agora sou capaz de ver com clareza quem foram os meus mestres de vida, os que mais intensamente me ensinaram o duro ofício de viver, essas dezenas de personagens de romance e de teatro que neste momento vejo desfilar diante dos meus olhos, esses homens e essas mulheres feitos de papel e tinta, essa gente que eu acreditava ir guiando de acordo com as minhas conveniências de narrador e obedecendo à minha vontade de autor, como títeres articulados cujas acções não pudessem ter mais efeito em mim que o peso suportado e a tensão dos fios com que os movia. Desses mestres, o primeiro foi, sem dúvida, um medíocre pintor de retratos que designei simplesmente pela letra H., protagonista de uma história a que creio razoável chamar de dupla iniciação (a dele, mas também, de algum modo, do autor do livro), intitulada Manual de Pintura e Caligrafia, que me ensinou a honradez elementar de reconhecer e acatar, sem ressentimento nem frustração, os meus próprios limites: não podendo nem ambicionando aventurar-me para além do meu pequeno terreno de cultivo, restava-me a possibilidade de escavar para o fundo, para baixo, na direcção das raízes. As minhas, mas também as do mundo, se podia permitir-me uma ambição tão desmedida. Não me compete a mim, claro está, avaliar o mérito do resultado dos esforços feitos, mas creio ser hoje patente que todo o meu trabalho, de aí para diante, obedeceu a esse propósito e a esse princípio. Vieram depois os homens e as mulheres do Alentejo, aquela mesma irmandade de condenados da terra a que pertenceram o meu avô Jerónimo e a minha avó Josefa, camponeses rudes obrigados a alugar a força dos braços a troco de um salário e de condições de trabalho que só mereceriam o nome de infames, cobrando por menos que nada a vida a que os seres cultos e civilizados que nos prezamos de ser apreciamos chamar, segundo as ocasiões, preciosa, sagrada ou sublime. Gente popular que conheci, enganada por uma Igreja tão cúmplice como beneficiária do poder do Estado e dos terratenentes latifundistas, gente permanentemente vigiada pela policia, gente, quantas e quantas vezes, vítima inocente das arbitrariedades de uma justiça falsa. Três gerações de uma família de camponeses, os Mau-Tempo, desde o começo do século até a Revolução de Abril de 1974 que derrubou a ditadura, passam nesse romance a que dei o título de Levantado do Chão, e foi com tais homens e mulheres do chão levantados, pessoas reais primeiro, figuras de ficção depois, que aprendi a ser paciente, a confiar e a entregar-me ao tempo, a esse tempo que simultaneamente nos vai construindo e destruindo para de novo nos construir e outra vez nos destruir. Só não tenho a certeza de haver assimilado de maneira satisfatória a quilo que a dureza das experiências tornou virtude nessas mulheres e nesses homens: uma atitude naturalmente estóica perante a vida. Tendo em conta, porém, que a lição recebida, passados mais de vinte anos, ainda permanece intacta na minha memória, que todos os dias a sinto presente no meu espírito como uma insistente convocatória, não perdi, até agora, a esperança de me vir a tornar um pouco mais merecedor da grandeza dos exemplos de dignidade que me foram propostos na imensidão das planícies do Alentejo. O tempo o dirá.



Que outras lições poderia eu receber de um português que viveu no século XVI que compôs as "Rimas" e as glórias, os naufrágios e os desencantos pátrios de "Os Lusíadas", que foi um génio poético absoluto, o maior da nossa literatura, por muito que isso pese a Fernando Pessoa, que a si mesmo se proclamou como o Super-Camões dela? Nenhuma lição que estivesse à minha medida, nenhuma lição que eu fosse capaz de aprender, salvo a mais simples que me poderia ser oferecida pelo homem Luís Vaz de Camões na sua estreme humanidade, por exemplo, a humildade orgulhosa de um autor que vai chamando a todas as portas à procura de quem esteja disposto a publicar-lhe o livro que escreveu, sofrendo por isso o desprezo dos ignorantes de sangue e de casta, a indiferença desdenhosa de um rei e da sua companhia de poderosos, o escárnio com que desde sempre o mundo tem recebido a visita dos poetas, dos visionários e dos loucos. Ao menos uma vez na vida todos os autores tiveram ou terão de ser Luís de Camões, mesmo se não escreverem as redondilhas de "Sôbolos rios"... Entre fidalgos da corte e censores do Santo Ofício, entre os amores de antanho e as desilusões da velhice prematura, entre a dor de escrever e a alegria de ter escrito, foi a este homem doente que regressa pobre da Índia, aonde muitos só iam para enriquecer, foi a este soldado cego de um olho e golpeado na alma, foi a este sedutor sem fortuna que não voltará nunca mais a perturbar os sentidos das damas do paço, que eu pus a viver no palco da peça teatro chamada Que farei com este livro?, em cujo final ecoa uma outra pergunta, aquela que importa verdadeiramente, aquela que nunca saberemos se alguma vez chegará a ter resposta suficiente: "Que fareis com este livro?". Humildade orgulhosa, foi essa de levar debaixo do braço uma obra-prima e ver-se injustamente enjeitado pelo mundo. Humildade orgulhosa também, e obstinada, esta de querer saber para que irão servir amanhã os livros que andamos a escrever hoje, e logo duvidar que consigam perdurar longamente (até quando?) as razões tranquilizadoras que acaso nos estejam a ser dadas ou que estejamos a dar a nós próprios. Ninguém melhor se engana que quando consente que o enganem os outros...



Aproximam-se agora um homem que deixou a mão esquerda na guerra e uma mulher que veio ao mundo com o misterioso poder de ver o que há por trás da pele das pessoas. Ele chama-se Baltasar Mateus e tem a alcunha de Sete-Sóis, a ela conhecem-na pelo nome de Blimunda, e também pelo apodo de Sete-Luas que lhe foi acrescentado depois, porque está escrito que onde haja um sol terá de haver uma lua, e que só a presença conjunta e harmoniosa de um e do outro tornará habitável, pelo amor, a terra. Aproxima-se também um padre jesuíta chamado Bartolomeu que inventou uma máquina capaz de subir ao céu e voar sem outro combustível que não seja a vontade humana, essa que, segundo se vem dizendo, tudo pode, mas que não pôde, ou não soube, ou não quis, até hoje, ser o sol e a lua da simples bondade ou do ainda mais simples respeito. São três loucos portugueses do século XVIII, num tempo e num país onde floresceram as superstições e as fogueiras da Inquisição, onde a vaidade e a megalomania de um rei fizeram erguer um convento, um palácio e uma basílica que haveriam de assombrar o mundo exterior, no caso pouco provável de esse mundo ter olhos bastantes para ver Portugal, tal como sabemos que os tinha Blimunda para ver o que escondido estava... E também se aproxima uma multidão de milhares e milhares de homens com as mãos sujas e calosas, com o corpo exausto de haver levantado, durante anos a fio, pedra a pedra, os muros implacáveis do convento, as salas enormes do palácio, as colunas e as pilastras, as aéreas torres sineiras, a cúpula da basílica suspensa sobre o vazio. Os sons que estamos a ouvir são do cravo de Domenico Scarlatti, que não sabe se deve rir ou chorar... Esta é a história de Memorial do Convento, um livro em que o aprendiz de autor, graças ao que lhe vinha sendo ensinado desde o antigo tempo dos seus avós Jerónimo e Josefa, já conseguiu escrever palavras como estas, donde não está ausente alguma poesia: "Além da conversa das mulheres, são os sonhos que seguram o mundo na sua órbita. Mas são também os sonhos que lhe fazem uma coroa de luas, por isso o céu é o resplendor que há dentro da cabeça dos homens, se não é a cabeça dos homens o próprio e único céu". Que assim seja. De lições de poesia sabia já alguma coisa o adolescente, aprendidas nos seus livros de texto quando, numa escola de ensino profissional de Lisboa, andava a preparar-se para o ofício que exerceu no começo da sua vida de trabalho: o de serralheiro mecânico. Teve também bons mestres de arte poética nas longas horas nocturnas que passou em bibliotecas públicas, lendo ao acaso de encontros e de catálogos, sem orientação, sem alguém que o aconselhasse com o mesmo assombro criador do navegante que vai inventando cada lugar que descobre. Mas foi na biblioteca da escola industrial que O Ano da Morte de Ricardo Reis começou a ser escrito... Ali encontrou um dia o jovem aprendiz de serralheiro (teria então 17 anos) uma revista - "Atena" era o título - em que havia poemas assinados com aquele nome e, naturalmente, sendo tão mau conhecedor da cartografia literária do seu país pensou que existia em Portugal um poeta que se chamava assim: Ricardo Reis. Não tardou muito tempo, porém, a saber que o poeta propriamente dito tinha sido um tal Fernando Nogueira Pessoa que assinava poemas com nomes de poetas inexistentes nascidos na sua cabeça e a que chamava heterónimos, palavra que não constava dos dicionários da época, por isso custou tanto trabalho ao aprendiz de letras saber o que ela significava. Aprendeu de cor muitos poemas de Ricardo Reis ("Para ser grande sê inteiro/Põe quanto és no mínimo que fazes"), mas não podia resignar-se, apesar de tão novo e ignorante, que um espírito superior tivesse podido conceber, sem remorso este verso cruel: "Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo". Muito, muito tempo depois, o aprendiz, já de cabelos brancos e um pouco mais sábio das suas próprias sabedorias, atreveu-se a escrever um romance para mostrar ao poeta das "Odes" alguma coisa do que era o espectáculo do mundo nesse ano de 1936 em que o tinha posto a viver os seus últimos dias: a ocupação da Renânia pelo exército nazista, a guerra de Franco contra a República espanhola, a criação por Salazar das milícias fascistas portuguesas. Foi como se estivesse a dizer-lhe: "Eis o espectáculo do mundo, meu poeta das amarguras serenas e do cepticismo elegante. Disfruta, goza, contempla, já que estar sentado é a tua sabedoria..." O Ano da Morte de Ricardo Reis terminava com umas palavras melancólicas: "Aqui, onde o mar se acabou e a terra espera". Portanto, não haveria mais descobrimentos para Portugal, apenas como destino uma espera infinita de futuros nem aos menos inimagináveis: só o fado do costume, a saudade de sempre, e pouco mais... Foi então que o aprendiz imaginou que talvez houvesse ainda uma maneira de tornar a lançar os barcos à água, por exemplo, mover a própria terra e pô-la a navegar pelo mar fora. Fruto imediato do ressentimento colectivo português pelos desdéns históricos de Europa (mais exacto seria dizer fruto de um meu ressentimento pessoal...), o romance que então escrevi - Jangada de Pedra- separou do continente europeu toda a Península Ibérica para a transformar numa grande ilha flutuante, movendo-se sem remos, nem velas, nem hélices em direcção ao Sul do mundo, "massa de pedra e terra, coberta de cidades, aldeias, rios, bosques, fábricas, matos bravios, campos cultivados, com a sua gente e os seus animais", a caminho de uma utopia nova: o encontro cultural dos povos peninsulares com os povos do outro lado do Atlântico, desafiando assim, a tanto a minha estratégia se atreveu, o domínio sufocante que os Estados Unidos da América do Norte vêm exercendo naquelas paragens... Uma visão duas vezes utópica entenderia esta ficção política como uma metáfora muito mais géneros e humana: que a Europa, toda ela, deverá deslocar-se para o Sul, a fim de, em desconto dos seus abusos colonialistas antigos e modernos, ajudar a equilibrar o mundo. Isto é, Europa finalmente como ética. As personagens da Jangada de Pedra- duas mulheres , três homens e um cão - viajam incansavelmente através da península enquanto ela vai sulcando o oceano. O mundo está a mudar e eles sabem que devem procurar em si mesmos as pessoas novas em que irão tornar-se (sem esquecer o cão, que não é um cão como os outros...). Isso lhes basta.



Lembrou-se então o aprendiz de que em tempos da sua vida havia feito algumas revisões de provas de livros e que se na Jangada de Pedratinha, por assim dizer, revisado o futuro, não estaria mal que revisasse agora o passado, inventando um romance que se chamaria História do Cerco de Lisboa, no qual um revisor, revendo um livro do mesmo título, mas de História, e cansado de ver como a dita História cada vez é menos capaz de surpreender, decide pôr no lugar de um "sim" um "não", subvertendo a autoridade das "verdades históricas". Raimundo Silva, assim se chama o revisor, é um homem simples, vulgar, que só se distingue da maioria por acreditar que todas as coisas têm o seu lado visível e o seu lado invisível e que não saberemos nada delas enquanto não lhes tivermos dado a volta completa. De isso precisamente se trata numa conversa que ele tem com o historiador. Assim: "Recordo-lhe que os revisores já viram muito de literatura e vida, O meu livro, recordo-lhe eu, é de história, Não sendo propósito meu apontar outras contradições, senhor doutor, em minha opinião tudo quanto não for vida é literatura, A história também. A história sobretudo, sem querer ofender, E a pintura, e a música, A música anda a resistir desde que nasceu, ora vai, ora vem, quer livrar-se da palavra, suponho que por inveja, mas regressa sempre à obediência, E a pintura, Ora, a pintura não é mais do que literatura feita com pincéis, Espero que não esteja esquecido de que a humanidade começou a pintar muito antes de saber escrever, Conhece o rifão, se não tens cão caça com o gato, ou, por outras palavras, quem não pode escrever, pinta, ou desenha, é o que fazem as crianças, O que você quer dizer, por outras palavras, é que a literatura já existia antes de ter nascido, Sim senhor, como o homem, por outras palavras, antes de o ser já o era, Quer-me parecer que você errou a vocação, devia era ser historiador, Falta-me o preparo, senhor doutor, que pode um simples homem fazer sem o preparo, muita sorte já foi ter vindo ao mundo com a genética arrumada, mas, por assim dizer, em estado bruto, e depois não mais polimento que primeiras letras que ficaram únicas, Podia apresentar-se como autodidacta, produto do seu próprio e digno esforço, não é vergonha nenhuma, antigamente a sociedade tinha orgulho nos seus autodidactas, Isso acabou, veio o desenvolvimento e acabou, os autodidactas são vistos com maus olhos, só os que escrevem versos e histórias para distrair é que estão autorizados a ser autodidactas, mas eu para a criação literária nunca tive jeito, Então, meta-se a filósofo, O senhor doutor é um humorista, cultiva a ironia, chego a perguntar-me como se dedicou à história, sendo ela tão grave e profunda ciência, Sou irónico apenas na vida real, Bem me queria a mim parecer que a história não é a vida real, literatura, sim, e nada mais, Mas a história foi vida real no tempo em que ainda não se lhe poderia chamar história, Então o senhor doutor acha que a história e a vida real, Acho, sim, Que a história foi vida real, quero dizer, Não tenho a menor dúvida, Que seria de nós se o deleatur que tudo apaga não existisse, suspirou o revisor". Escusado será acrescentar que o aprendiz aprendeu com Raimundo Silva a lição da dúvida. Já não era sem tempo. Ora, foi provavelmente esta aprendizagem da dúvida que o levou, dois anos mais tarde, a escrever O Evangelho segundo Jesus Cristo. É certo, e ele tem-no dito, que as palavras do título lhe surgiram por efeito de uma ilusão de óptica, mas é legítimo interrogar-nos se não teria sido o sereno exemplo do revisor o que, nesse meio tempo, lhe andou a preparar o terreno de onde haveria de brotar o novo romance. Desta vez não se tratava de olhar por trás das páginas do "Novo Testamento" à procura de contrários, mas sim de iluminar com uma luz rasante a superfície delas, como se faz a uma pintura, de modo a fazer-lhe ressaltar os relevos, os sinais de passagem, a obscuridade das depressões. Foi assim que o aprendiz, agora rodeado de personagens evangélicas, leu, como se fosse a primeira vez, a descrição da matança dos Inocentes, e, tendo lido, não compreendeu. Não compreendeu que já pudesse haver mártires numa religião que ainda teria de esperar trinta anos para que o seu fundador pronunciasse a primeira palavra dela, não compreendeu que não tivesse salvado a vida das crianças de Belém precisamente a única pessoa que o poderia ter feito, não compreendeu a ausência, em José, de um sentimento mínimo de responsabilidade, de remorso, de culpa, ou sequer de curiosidade, depois de voltar do Egipto com a família. Nem se poderá argumentar, em defesa da causa, que foi necessário que as crianças de Belém morressem para que pudesse salvar-se a vida de Jesus: o simples senso comum, que a todas as coisas, tanto às humanas como às divinas, deveria presidir, aí está para nos recordar que Deus não enviaria o seu Filho à terra, de mais a mais com o encargo de redimir os pecados da humanidade, para que ele viesse a morrer aos dois anos de idade degolado por um soldado de Herodes... Nesse "Evangelho", escrito pelo aprendiz com o respeito que merecem os grandes dramas, José será consciente da sua culpa, aceitará o remorso em castigo da falta que cometeu e deixar-se-á levar à morte quase sem resistência, como se isso lhe faltasse ainda para liquidar as suas contas com o mundo. O "Evangelho" do aprendiz não é, portanto, mais uma lenda edificante de bem-aventurados e de deuses, mas a história de uns quantos seres humanos sujeitos a um poder contra o qual lutam, mas que não podem vencer. Jesus, que herdará as sandálias com que o pai tinha pisado o pó dos caminhos da terra, também herdará dele o sentimento trágico da responsabilidade e da culpa que nunca mais o abandonará, nem mesmo quando levantar a voz do alto da cruz: "Homens, perdoai-lhe porque ele não sabe o que fez", por certo referindo-se ao Deus que o levara até ali, mas quem sabe se recordando ainda, nessa agonia derradeira, o seu pai autêntico, aquele que, na carne e no sangue, humanamente o gerara. Como se vê, o aprendiz já tinha feito uma larga viagem quando no seu herético "Evangelho" escreveu as últimas palavras do diálogo no templo entre Jesus e o escriba: "A culpa é um lobo que come o filho depois de ter devorado o pai, disse o escriba, Esse lobo de que falas já comeu o meu pai, disse Jesus, Então só falta que te devore a ti, E tu, na tua vida, foste comido, ou devorado, Não apenas comido e devorado, mas vomitado, respondeu o escriba". Se o imperador Carlos Magno não tivesse estabelecido no Norte da Alemanha um mosteiro, se esse mosteiro não tivesse dado origem à cidade de Münster, se Münster não tivesse querido assinalar os mil e duzentos anos da sua fundação com uma ópera sobre a pavorosa guerra que enfrentou no século XVI protestantes anabaptistas e católicos, o aprendiz não teria escrito a peça de teatro a que chamou In Nomine Dei. Uma vez mais, sem outro auxílio que a pequena luz da sua razão, o aprendiz teve de penetrar no obscuro labirinto das crenças religiosas, essas que com tanta facilidade levam os seres humanos a matar e a deixar-se matar. E o que viu foi novamente a máscara horrenda da intolerância, uma intolerância que em Münster atingiu o paroxismo demencial, uma intolerância que insultava a própria causa que ambas as partes proclamavam defender. Porque não se tratava de uma guerra em nome de dois deuses inimigos, mas de uma guerra em nome de um mesmo deus. Cegos pelas suas próprias crenças, os anabaptistas e os católicos de Münster não foram capazes de compreender a mais clara de todas as evidências: no dia do Juízo Final, quando uns e outros se apresentarem a receber o prémio ou o castigo que mereceram as suas acções na terra, Deus, se em suas decisões se rege por algo parecido à lógica humana, terá de receber no paraíso tanto a uns como aos outros, pela simples razão de que uns e outros nele crêem. A terrível carnificina de Münster ensinou ao aprendiz que, ao contrário do que prometeram, as religiões nunca serviram para aproximar os homens, e que a mais absurda de todas as guerras é uma guerra religiosa, tendo em consideração que Deus não pode, ainda que o quisesse, declarar guerra a si próprio... Cegos. O aprendiz pensou: "Estamos cegos", e sentou-se a escrever o Ensaio sobre a Cegueira para recordar a quem o viesse a ler que usamos perversamente a razão quando humilhamos a vida, que a dignidade do ser humano é todos os dias insultada pelos poderosos do nosso mundo, que a mentira universal tomou o lugar das verdades plurais, que o homem deixou de respeitar-se a si mesmo quando perdeu o respeito que devia ao seu semelhante. Depois, o aprendiz, como se tentasse exorcizar os monstros engendrados pela cegueira da razão, pôs-se a escrever a mais simples de todas as histórias: uma pessoa que vai à procura de outra pessoa apenas porque compreendeu que a vida não tem nada mais importante que pedir a um ser humano. O livro chama-se "Todos os Nomes". Não escritos, todos os nossos nomes estão lá. Os nomes dos vivos e os nomes dos mortos. Termino. A voz que leu estas páginas quis ser o eco das vozes conjuntas das minhas personagens. Não tenho, a bem dizer, mais voz que a voz que elas tiverem. Perdoai-me se vos pareceu pouco isto que para mim é tudo.



Por JOSÉ SARAMAGO



domingo, 21 de março de 2010

Trabalho sobre “Lobotomia”

Lobotomia é o nome que foi dado a uma técnica que foi desenvolvida por Egas Moniz em 1935 na Universidade de Lisboa e que lhe valeu o Prémio Nobel da Medicina e Filosofia em 1949.


De uma forma sucinta consistia numa intervenção cirúrgica ao cérebro em que eram cortadas as ligações de qualquer lobo cerebral. Considerada na época uma promissora técnica curativa da psiquiatria a nível mundial, era geralmente usada para tratar casos de depressões graves e mas tarde casos de esquizofrenia grave.

A intenção de Egas Moniz ao utilizar esta intervenção era somente para casos graves de violência ou suicídio.

Como em todas as descobertas existem outros que tentam adaptar as novas técnicas a outras situações, como um tal de Drº Freeman que começou a usar este método com um certo entusiasmo, a tal ponto que esta prática tomou proporções enormes e ele inclusive criou uma variante com custos diminuídos em que utilizava um picador de gelo que espetava no crânio do doente.

Chegou-se ao ponto de praticar esta técnica em crianças mal comportadas.

Nos EUA foram intervencionadas cerca de 50.000 pessoas sendo uma intervenção irreversível.

Este tema tornou-se controverso a partir de uma certa altura, pois era uma cirurgia muito invasiva e os resultados começaram a ser questionados. Os americanos insistiram nesta prática e são suspeitos de realizarem esta intervenção a pessoas acusadas de comunismo ou de condutas sexuais inadequadas. A “Lobotomia” foi banida na maior parte dos países onde era praticada a partir da década de cinquenta com o aparecimento de fármacos como o “Prozac”, ainda hoje prescritos em casos de psiquiatria.

Para muitas pessoas a psicoterapia é uma palavra tenebrosa. Ela tem o poder de recordar o pesadelo da lobotomia, a infeliz operação ao cérebro criada por Egas Moniz, que mutilou a vida de muitos milhares de pessoas com problemas mentais nos anos quarenta e cinquenta.

Só por curiosidade, Egas Moniz sofreu um atentado de um ex-paciente a quem não chegou a fazer uma Lobotomia que o deixou paraplégico vindo a falecer em Dezembro de 1955. Hoje em dia apesar de existirem fármacos específicos, ainda há um pequeno número de países onde ainda se realizam procedimentos semelhantes mas com indicações muito restritas.

Conforme a ética médica para ser considerado completamente curado, o paciente deveria ser capaz de voltar a viver em sociedade, com a família, ou retornar para sua actividade profissional, o que era praticamente impossível depois de ter parte do cérebro destruída.

Trabalho executado por Vera Farinha.
Postado por Hélder Silva

quinta-feira, 18 de março de 2010

New “The Book Of Eli” Poster

Sinopse:




Cidades vazias, estradas cortadas, tudo à volta são marcas de uma destruição catastrófica. Sem civilização e leis, as estradas pertencem a gangs de assassinos que matam em troca de sapatos, água, ou simplesmente por prazer.



Eli (Denzel Washington), guerreiro por necessidade, apenas procura paz, mas quem se atravessar no seu caminho para o atacar rapidamente vai perceber o erro que cometeu. Ele protege não a sua vida, mas a esperança de um futuro melhor; uma esperança que ele carrega e guarda há 30 anos.



No entanto, há outra pessoa que compreende o poder que Eli tem, Carnegie, e está determinada a ficar com esse poder. Mas ninguém vai conseguir parar Eli. Ele tem de manter o seu caminho para conseguir dar um futuro à Humanidade.


http://www.best-cine.com/o-livro-de-eli-the-book-of-eli/

sexta-feira, 12 de março de 2010

Egas Moniz – Prémio Nobel

Biografia

António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, nasceu em Avanca a 29 de Novembro de 1874 e faleceu em Lisboa a 13 de Dezembro de 1955, foi um médico, neurologista, investigador, professor, político e escritor português.

Foi galardoado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1949, partilhado com Walter Rudolf Hess.

Nascido António Caetano de Abreu Freire no seio de uma família aristocrata rural, seu tio e padrinho, o padre, Caetano de Pina Resende Abreu Sá Freire, insistiria para que ao apelido fosse adicionado Egas Moniz, em virtude de a família, descender em linha directa de Egas Moniz, o aio de Dom Afonso Henriques (1080-1146).

Formação e actividade académica

Completou a instrução primária na Escola do Padre José Ramos e o Curso Liceal no Colégio de S. Fiel, dos Jesuítas.

Formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra, onde começou por ser professor substituto, leccionando anatomia e fisiologia. Em 1911 foi transferido para a recém-criada Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa onde foi ocupar o lugar de neurologia como professor catedrático. Formou-se em Fevereiro de 1944.

Em 1950 é fundado, no Hospital Júlio de Matos, o Centro de Estudos Egas Moniz, do qual é presidente. O Centro de Estudos é, em 1957 transferido para o serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria onde existe ainda hoje, compreendendo, entre outros, o Museu Egas Moniz (onde se encontra montado o seu gabinete de trabalho com as peças originais, vários manuscritos, entre outros).

Egas Moniz contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da medicina ao conseguir pela primeira vez dar visibilidade às artérias do cérebro. A Angiografia Cerebral, que descobriu após longas experiências com raios X, tornou possível localizar neoplasias, aneurismas, hemorragias e outras más-formações no cérebro humano e abriu novos caminhos para a cirurgia cerebral.

As suas descobertas clínicas foram reconhecidas pelos grandes neurologistas da época, que admiravam o cuidado das suas análises e observações.

Actividade política

Egas Moniz teve também papel activo na vida política. Foi fundador do Partido Republicano Centrista, dissidência do Partido Evolucionista, apoiou o breve regime de Sidónio Pais, durante o qual exerceu as funções de Embaixador de Portugal em Madrid (1917) e Ministro dos Negócios Estrangeiros (1918), viu entretanto o seu partido fundir-se com o Partido Sidonista. Foi ainda um notável escritor e autor de uma notável obra literária, de onde se destacam as obras "A nossa casa" e "Confidências de um investigador científico".
 
Obra
 
Actividade científica

Como investigador, Egas Moniz, contando com a preciosa colaboração de Pedro Almeida Lima, destacou-se em duas técnicas: a leucotomia pré-frontal e a angiografia cerebral.

Prémio Nobel

Egas Moniz foi proposto cinco vezes (1928, 1933, 1937, 1944 e 1949) ao Nobel de Fisiologia ou Medicina, sendo galardoado em 1949, acontecendo alguns meses depois de ter publicado o primeiro artigo sobre a encefalografia arterial e, subsequentemente, ter feito, no Hospital de Necker, em Paris, uma demonstração da técnica encefalográfica.

Lobotomia Efeitos e Utilidade Terapêutica

A lobotomia, mais apropriadamente chamada leucotomia (já que lobotomia refere-se a cortar as ligações de qualquer lobo cerebral) é uma intervenção cirúrgica no cérebro, onde são seccionadas as vias que ligam os lobos frontais ao tálamo e outras vias frontais associadas. Foi utilizada no passado em casos graves de esquizofrenia. A lobotomia foi a técnica pioneira e com maior sucesso da psicocirurgia. O procedimento leva a um estado algo sedado de baixa reactividade emocional nos pacientes. Existem controvérsias sobre os resultados do procedimento.

História

Foi desenvolvida em 1935 pelo médico neurologista português António Egas Moniz em equipa com o cirurgião Almeida Lima, na Universidade de Lisboa.

A Leucotomia foi a primeira técnica de Psicocirurgia ou seja, a utilização de manipulações orgânicas do cérebro para curar ou melhorar sintomas de uma patologia psiquiátrica (em contrapartida à neurocirurgia que se ocupa de doentes com patologia orgânica directa ou neurológica).

Inicialmente foi usada para tratar depressões severas mas Egas Moniz sempre defendeu o seu uso apenas em casos graves em que houvesse risco de violência ou suicídio. No entanto apesar de cerca de 6% dos pacientes não sobreviverem à operação, e de vários outros ficarem com alterações da personalidade muito severos, foi praticada com entusiasmo excessivo em muitos países, nomeadamente o Japão e os Estados Unidos. Neste último país foi popularizada pelo cirurgião Walter Freeman, que divulgou a técnica por todo o seu país, percorrendo-o no seu Lobotomobile, e criando inclusivamente uma variante em que espetava um picador de gelo directamente no crânio do doente, desde um ponto logo acima do canal lacrimal com a ajuda de um martelo, rodando depois o mesmo para destruir as vias aí localizadas. Supostamente a atractividade deste procedimento seria o seu baixo custo e o desejo social de silenciar doentes psiquiátricos incómodos. A leucotomia ganhou tal popularidade que foi inclusivamente praticada em crianças com mau comportamento. Cerca de 50.000 doentes foram tratados só nos Estados Unidos. Graças a estes abusos, bem como a irreversibilidade dos seus resultados, a leucotomia foi abandonada quando surgiram os primeiros fármacos antipsicóticos. A leucotomia foi banida da maior parte dos países onde era praticada, a partir dos anos 50. A sua aplicação em grande escala é hoje considerada como um dos episódios mais bárbaros da história da Psiquiatria, sendo comum a sua comparação com a técnica da flebotomia (ou sangria) na história da medicina interna. Hoje em dia, um pequeno número de países ainda realiza procedimentos cirúrgicos semelhantes, porém dentro de indicações muito estritas.
 
A Leucotomia Hoje


Hoje em dia a leucotomia tal como exemplificada por Egas Moniz já não é praticada devido aos efeitos secundários severos. No entanto ainda hoje se praticam raramente técnicas directamente descendentes da leucotomia original, mas com a imposição de lesões selectivas em regiões bem delimitadas. Os efeitos secundários destas técnicas são bem mais incomuns, mas devido à irreversibilidade do tratamento e às mudanças na personalidade do doente, elas são utilizadas apenas em última instância caso todos os outros tratamentos possíveis tenham-se revelado ineficazes. É assim praticada em alguns casos de dor crónica intratável (tratamento paliativo), neurose obsessiva, ansiedade crónica ou depressão profunda prolongada.

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